O ambiente esportivo pode ser um meio ampliador de pressões socioculturais motivadas pelo ideal de corpo magro. A presente investigação teve o objetivo de verificar a presença de comportamentos sugestivos de transtornos do comportamento alimentar (TCAs), de alterações na imagem corporal e de disfunções menstruais em atletas da EEFD-UFRJ. Foram avaliadas 12 atletas do sexo feminino (20 ± 2,0 anos) com 4,6 ± 2,3 anos de treinamento (13,8 ± 2,9h/semana) e seus resultados foram comparados com os de 32 jovens não-atletas (15,0 ± 1,4 ano). A avaliação de atitudes e comportamentos relacionados com a alimentação e o controle de peso foi realizada pelo Eating Attitudes Test (EAT-26), a existência de comportamentos sugestivos de bulimia nervosa pelo Bulimic Investigatory Test Edimburgh (BITE) e o grau de insatisfação com a imagem corporal pelo Body Shape Questionnaire (BSQ). Esses são instrumentos de auto-aplicação e foram usados na versão em português. As atletas apresentavam massa corporal total de 59 ± 7,3kg, estatura de 1,65 ± 0,03m, percentual de gordura corporal (%G) 23,1 ± 4,1% e índice de massa corporal (IMC) de 21,6 ± 2,3kg/m². O BSQ apontou que 33% das atletas apresentam leve distorção da imagem corporal mesmo estando com valores para gordura corporal dentro de padrões esperados para a idade e sexo. O BITE apontou 16,6% das atletas com padrão alimentar não-usual na escala de sintomas, sem que estas apresentassem expressão na escala de gravidade. As atletas com padrão alimentar não-usual estão incluídas no total sugestivo de distorção de imagem corporal. O EAT-26 exibiu resultado negativo para todas as atletas. Os resultados encontrados na análise sugerem a presença de sintomas que não caracterizam, precisamente, a bulimia nervosa ou a anorexia nervosa, mas ressaltam a necessidade de avaliação e vigilância mais criteriosas da existência de TCA e seus precursores no ambiente esportivo, como forma de prevenção.
The sports environment can enhance social and cultural pressure towards a lean body. The close relationship between corporal image and performance makes the female athletes a group particularly vulnerable to eating disorders and weight-control practices. The aim of the present work is to evaluate the presence of behaviors suggestive of eating disorders, shifts in body perception, and menstrual dysfunctions in female athletes of the Federal University of Rio de Janeiro School of Physical Education (EEFD-UFRJ). Twelve female athletes (20 ± 2 years), who had been training for 4.6 ± 2.3 years, a total of 13.8 ± 2.9 hours per week, were examined. The results of the athletes and of 32 young non-athletes (15 ± 1.4 years) were compared. The Eating Attitudes Test (EAT-26) was used to evaluate weight-control and eating attitudes and behaviors. The Bulimic Investigatory Test Edimburgh (BITE) was used to identify suggestive behaviors of bulimia nervosa, and also to obtain data about cognitive and behavioral aspects of this disorder. The Body Shape Questionnaire (BSQ) was used to verify dissatisfaction with body image. The three self-applied questionnaires were used in their Portuguese versions. The athletes presented body mass of 59 ± 7.3 kg, height of 1.65 ± 0.03 m, percentage of body fat (%F) of 23.1 ± 4.1% and body mass index (BMI) of 21.6 ± 2.3 kg/m². The entire sample had a %F compatible for age and sex, although 33% of the athletes presented some body image dissatisfaction. The BITE evidenced that 16.6% of the athletes presented a non-usual dietary pattern according to symptoms, but with no significance in terms of severity. These athletes are included among those who are not happy with their body. No athlete had a positive EAT-26 results. The findings of this study suggest the presence of symptoms that do not actually characterize bulimia or anorexia nervosa, but they point to the need of a careful surveillance and assessment of eating disorders and their precursors among athletes, as a way of prevention.
El ambiente deportivo puede ser un medio amplificador de presiones socioculturales motivadas por el ideal del cuerpo magro. La presente investigación tiene por objeto verificar la presencia de comportamientos sugestivos de trastornos del comportamiento alimenticio (TCAs), de alteraciones de la imagen corporal y de disfunciones menstruales en atletas de la EEFD-UFRJ. Fueron evaluadas 12 atletas de sexo femenino (20 ± 2,0 años) con 4,6 ± 2,3 años de entrenamiento (13,8 ± 2,9 horas/semana) y sus resultados serán comparados con 32 jovenes no atletas (15,0 ± 1,4 años). La evaluación de actitudes y comportamientos relacionados con la nutrición y el control del peso fue evaluado un test, Eating Attitudes Test (Test de Actitudes Nutricionales EAT-26), la existencia de los comportamientos sugestivos de bulimia nerviosa por el test, Bulimic Investigatory Test Edimburgh (Test de Investigación de Bulimia de Edimburgo, BITE) y el grado de insatisfacción con la imagen corporal por el test; Body Shape Questionnaire (Cuestionario de la forma Corporal BSQ). Estos son instrumentos de autoaplicación usados en una versión portuguesa. Las atletas presentaron una masa corporal total de 59 ± 7,0kg, una estatura de 1,65 ± 0,03m, un porcentual de grasa corporal (%G) 23 ± 4,0% y un índice de massa corporal (IMC) de 21,6 ± 2,0kg/m². El test BSQ apuntó que un 33% de las atletas presentaron una leve distorción de la imagen corporal mismo estando con valores para grasa corporal dentro de los patrones esperados para la edad y el sexo. El test BITE apuntó que el 16,6% de las atletas con un padrón alimenticio no usual en la escala de síntomas, sin que estas presentasen expresiones en la escala de gravedad. Las atletas con patrón alimenticio no usual están incluídas en el total sugestivo de distorsión de la imagen corporal. El test EAT-26 mostró un resultado negativo para todas las atletas. Los resultados encontrados en el análisis sugieren la presencia de síntomas que no se caracterizan precisamente, por una bulimia nerviosa o una anorexia nerviosa, relatan la necesidad de una evaluación y una vigilancia mas criteriosas de la existencia de TCA y de sus precursores en el ambiente deportivo, como forma de prevención.